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Com mais de 40°C, calor no Centro-Oeste atinge níveis históricos e causa risco à saúde

Com mais de 40°C, calor no Centro-Oeste atinge níveis históricos e causa risco à saúde

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alerta para um grande perigo e risco à saúde em várias regiões do Brasil. De acordo com o Inmet, o estado de Mato Grosso, a porção norte de Mato Grosso do Sul, a parte sul do Amazonas e áreas próximas às divisas de Mato Grosso com Tocantins e Goiás estão enfrentando temperaturas até 5°C acima da média pelos próximos dias. O alerta foi emitido na tarde de sexta-feira (20).

A MetSul Meteorologia prevê que a região atingirá níveis de temperatura nunca antes registrados no país, com máximas de até 46°C entre sexta-feira e o início da próxima semana.

A capital Cuiabá será a mais afetada, com as temperaturas mais altas. Na tarde de quinta-feira, a cidade registrou uma máxima de 44,2°C, entrando para a lista das dez maiores temperaturas já registradas oficialmente no Brasil pelo Inmet. Foi a maior temperatura já registrada na história da capital.

Segundo a meteorologista Estael Sias, sócia-diretora da MetSul, o calor intenso na região é explicado por uma sequência de eventos sazonais. “É uma condição típica dessa época do ano. O clima mais seco no final do outono, inverno e início da primavera. Já tivemos uma onda de calor extrema em setembro. A chuva não retornou em quantidade suficiente para recuperar o solo e evitar uma nova onda de calor”, explica a especialista.

Usando novamente Cuiabá como exemplo, o Inmet aponta que em setembro a média das temperaturas foi de 31°C, 3°C acima da média histórica. Além disso, o volume de chuvas foi 30% inferior ao normal. Em agosto, a cidade também registrou uma temperatura média mais de 3°C acima da média histórica, mas com um volume de chuva (14,4 milímetros) um pouco acima (9%) do normal.

Sias afirma que uma grande massa de ar quente e seco está causando o fenômeno conhecido como “cúpula de calor” – imagine ar quente preso causando mais aquecimento por compressão. Segundo a meteorologista, o ar quente resseca a vegetação e o solo seco irradia ainda mais calor.

“Uma condição intensifica a outra e forma-se essa cúpula de calor. Nessa área não chove. É como se houvesse uma tampa segurando esse calor na superfície”, diz Sias, que alerta que as temperaturas podem ultrapassar os 45°C na região afetada pela onda de calor.

A massa de ar quente também levará o calor intenso a outros estados, como o norte de São Paulo, Minas Gerais, Tocantins, Rondônia e sul do Amazonas e Pará. Todos esses estados também terão máximas de 40°C ou mais nos próximos dias. Em algumas cidades, onde não há medição instrumental de temperatura, as máximas podem ser ainda mais altas.

“A ocorrência de duas ondas de calor extremo em um mesmo ano chama realmente a atenção. E ainda atingindo áreas que já foram afetadas anteriormente”, destaca Sias. Além do El Niño e da estiagem sazonal, a meteorologista aponta a crise climática como outro fator a ser considerado.

As recomendações dos especialistas em saúde incluem beber bastante líquido, usar roupas leves, proteger-se com chapéu, óculos de sol, usar protetor solar e evitar esforço físico durante as horas mais quentes do dia.

Um estudo recente de atribuição mostrou que a crise climática causada pela ação humana aumentou em até cem vezes a chance de ocorrer um calor extremo, como o visto no final de setembro no Brasil. Mesmo olhando para um período mais curto dentro da onda de calor de agosto e setembro deste ano, os cientistas constataram que houve temperaturas extremamente altas por mais de 50 dias consecutivos no Brasil.

De acordo com a análise feita pela World Weather Attribution (WWA), sem o aquecimento global causado pelos seres humanos – principalmente devido à queima de combustíveis fósseis e ao desmatamento – o calor intenso no final do inverno e início da primavera no Brasil seria de 1,4°C a 4,3°C mais baixo.

A análise da WWA é um estudo de atribuição que compara a probabilidade de um evento ocorrer no mundo atual, ou seja, com a crise climática, e em um mundo sem o aumento da temperatura causado pela ação humana.

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